quarta-feira, 27 de abril de 2011

Funcionário da France Telecom se suicida ateando fogo ao próprio corpo

Aproveitando que aqui no Paraná se voltou a falar sobre privatização (Celepar, Copel...), segue aqui uma notícia que serve de alerta para os efeitos nefastos que a privatização produz sobre a rotina e a própria saúde dos trabalhadores, que passam a enfrentar mudanças drásticas nas políticas dessas empresas, entre elas o inevitável corte de pessoal, com fins de maximização dos lucros obtidos.




Morte aumenta lista de casos de empregados da companhia que se mataram nos últimos anos; entre 2008 e 2009 foram 32 suicídios

BBC Brasil | 26/04/2011 14:24
Um funcionário de 57 anos da France Telecom se suicidou nesta terça-feira ateando fogo ao próprio corpo no estacionamento de uma unidade da empresa na cidade de Mérignac, nos arredores de Bordeaux, no sudoeste da França.
A morte aumenta a já longa lista de casos de funcionários da companhia que se mataram nos últimos anos. Houve 32 suicídios entre 2008 e 2009 e pelo menos 25 no ano passado, segundo sindicatos.
Uma equipe de socorro chegou ao local por volta das 8h (3h em Brasília). Representantes do sindicato CGT, de trabalhadores da empresa, disseram que o suicídio estaria ligado às condições de trabalho do funcionário. Empregado na France Telecom há 30 anos, ele não teria suportado as mudanças frequentes de locais de trabalho, ocorridas nos últimos tempos, afirmam sindicalistas.

Foto: AFP
Empregado da France Telecom cobre com terra restos do funcionário que ateou fogo ao próprio corpo em Mérignac, sul da França
"Essas transferências impostas o levaram a vender sua casa. Ele havia escrito várias vezes à direção, mas não obteve resposta", diz François Deschamps, representante dos sindicatos CFE-CGC-Unsa da região sudoeste da França.
O funcionário trabalhava no setor de prevenção de acidentes em um centro de atendimento telefônico voltado aos clientes empresariais.
Plano

A direção da France Telecom estabeleceu em 2006 um plano que previa a demissão de 22 mil pessoas em três anos, a reestruturação da empresa e também a transferência obrigatória de funcionários para outros cargos e áreas geográficas.
Esse plano, contestado pelos empregados, foi estabelecido pouco após a privatização da empresa, em 2004, mais de um século após sua nacionalização.
A onda de suicídios levou a direção da empresa a anunciar, em setembro passado, medidas para tentar melhorar as condições de trabalho. Para sindicalistas, as iniciativas recentes da direção não são, no entanto, suficientes. E esse novo suicídio poderia indicar o fracasso das novas medidas.
A empresa havia anunciado, por exemplo, que as transferências de empregados para outras localidades deveriam ocorrer apenas se o trabalhador se candidatasse à mudança.
"A falta de mão-de-obra e objetivos inatingíveis de desempenho continuam exercendo pressões sobre os empregados", diz o sindicato CGT em um comunicado. A direção do grupo declarou estar "transtornada com o suicídio do funcionário da agência de Bordeaux".

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