quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Voto declarado por Dragus

http://www.pensamentosequivocados.com/2010/10/voto-declarado.html


No primeiro turno eu anulei meu voto. Não escolhi nenhum candidato porque pelo apresentado nenhum me complementava ou ia de acordo com minhas convicções morais e políticas.

Entretanto, como já declarei no Twitter, o segundo turno será decidido pela taxa de rejeição e não pela simpatia ou antipatia. E por isso digo com todas as letras que meu voto está decidido desde 2000/2001. Mas vamos entender...

Em 1999 me formei e fiz vestibular para a UFRJ (onde hoje trabalho), passei para cursar Licenciatura em Educação Artística Mod. Desenho em 9º lugar. Maravilha, não? Não.

Antes, ainda vestibulando, procurei me informar e vi INÚMERAS possibilidades de matérias que poderia cursar e me divertir dentro do ambiente acadêmico. Sabia o que iria cursar dentro do currículo básico e, principalmente, o que cursaria fora. Entre essas matérias de fora estavam Histórias em Quadrinhos e Desenho Animado. Maravilha não?

Foi aí que tive meu primeiro choque com a gestão FHC, logo no dia de inscrição em disciplinas. Não tinha professor. Tinha os nomes nas listas de matérias, mas por falta de concurso público não tinha professor. Nem substituto. Logo, estava o "tem mas não tem" do sistema. Em virtude disso matriculei-me apenas no currículo básico. E depois disso vi o sucateamento do ensino público.

Estudava no 7º andar do prédio da reitoria (ou seja, um dos que deveria ser o principal prédio da UFRJ) e o esquema de conservação era no "sala sim sala não", ou seja, a cada sala em condições de uso tinha uma cujo teto desmoronara por falta de conservação e não havia dinheiro para limpar. A limpeza era feita por uns poucos funcionários desviados de função porque não havia firma e muitos menos funcionários da própria instituição para isso (nenhuma pessoa se submete a realizar trabalho inferior ao seu nível de qualificação sem ser sobre emergência, exceto aqueles que o patrão sabe que são dependentes do emprego e fazem dessas pessoas suas montarias).

No final do primeiro período as aulas pararam. Greve exigindo concursos, reposições salariais e condições de trabalho. Já havia sido avisado pelos professores disso, o problema não era apenas a UFRJ, era o todo. Não haviam concursos, os contratos com os substitutos não seriam renovados e em 2001/02 a coisa tenderia a piorar. Na greve conseguiram com muito custo conquistar esses direitos, mas aí eu já estava em outra. Meu pai de criação morrera e no meio desse caos que minha vida se tornou, aliado a greve que me afastou da faculdade, só voltei para a UFRJ agora e como funcionário.

Uma coisa ficou dessa época. Antes de minha vida virar caos me engajara junto aos movimentos estudantis e sindicais. Sabia que existia um culpado por tudo aquilo e por muitas outras coisas, quatro letras que representam tudo que considero de ruim na política, o "P", o "S", o "D" e o "B". Jurei para mim mesmo que JAMAIS em minha vida compactuaria com tal sofrimento e vergonha, e foi por causa desse sentimento que comecei a me informar e passei a ter algo que considero mais uma maldição que um dom: memória.

Me lembro da Petrobrax, da Sudene, Eduardo Jorge, Sivan e da subserviência total aos mandos e desmandos norte-americanos. Me lembro do quanto sofria quando procurava emprego nessa época e não conseguia porque quem não estava quebrando estava no desespero, e por falta de Qi não conseguia nem mariola. Me lembro do projeto Bolsa Escola que dava dinheiro aos pais para manterem os filhos na escola com um valor que não considerava o quanto de dinheiro cada criança trazia para casa trabalhando nos sinais para calcular o valor da bolsa. Me lembro do Arruda, o mesmo que recentemente foi afastado do governo de Brasília, renunciando ao cargo para fugir do processo de cassação por causa do escândalo até hoje não explicado de adulteração dos votos no congresso. Me lembro do país estar literalmente na merda e as grandes empresas de mídia IGNORANDO o sofrimento do povão poupando o governo de críticas severas como as que hoje Lula sofre. Me lembro da terceirização do serviço público, onde tudo era feito por empresas terceirizadas, prestando um serviço ainda pior do que imaginam ser o de um servidor e colocando a culpa nos servidores. Me lembro dos superpoderes dos bancos, onde tudo era resolvido na base da porrada (no bancário, claro) se os grevistas prejudicassem seus superpoderes.

E é por lembrar dessa época, por comparar o modo de governo de PT e PSDB, por odiar profundamente TUDO que o PSDB representa moralmente - salvo suas exceções, pois, por exemplo considero FHC ou Aécio Neves como homens certos, mas no partido errado. - que sou obrigado a declarar meu voto.

Aliás, nem lembro, eu SOFRI nessa época, pois eu estava do lado pobre da balança.

Meu voto é contra o PSDB.*

Seja quem estiver do outro lado.

Nenhum comentário: