domingo, 27 de março de 2011

“Dos palcos ao recolhimento silencioso”

Por Simone Costa

Renato Manfredini Júnior nasceu em 27 de março de 1960 no Rio de Janeiro. Dos sete aos 10 anos morou em Nova Iorque e aos 13 foi para Brasília. Entre os 15 e 17 anos sofreu de uma doença óssea rara, tendo ficado por um longo tempo quase sem movimentos.

Em 1978, influenciado pelos Sex Pistols, formou a banda “Aborto Elétrico”, que abandonou em 1982 – um ano antes do lendário Show da Legião Urbana no Circo Voador/Rio de Janeiro.

“Geração Coca-cola”, “Será” e “Ainda é cedo” foram os hists politicamente corretos que integraram o primeiro disco da banda, em 1985.

Os dois anos seguintes foram de muitos shows e agitos tendo as músicas “Quase sem querer” , “Eduardo e Mônica” e “Que País é este” como pontos altos.

Um lapso sem gravações e sem fazer shows – quase dois anos – e em 1989 o disco “As quatro estações” trás a revelação: Renato recitada e cantada em alto e bom tom sua bissexualidade em “Meninos e Meninas”.

Desde de 1990 Renato Russo já sabia ser portador do HIV, mas nunca assumiu publicamente a doença.

Em 1991 o quinto disco da Legião Urbana – V, tem sua turnê interrompida devido ao frágil estado de saúde de Renato – seu líder e vocalista.

Em sua poesia politicamente correta – e nem por isso menos romântica – Renato, como ele mesmo já havia declarado, falava de si próprio para o mundo.

O que Renato respondia quando o interrogavam sobre o seu som ser ou não rock ? “Legião Urbana é um conjunto musical brasileiro que canta letras em português a partir de uma batida 4/4 e a partir de uma experiência urbana do que é ser um jovem brasileiro, vivendo a partir dos anos 70″ e ainda acrescenta que tal batida poderia até não ser samba, mas remetia à modinha, ao xote, ao xaxado…mas – honestamente – termina dizendo que não pensaram exatamente nisso e, sim, começaram imitando bandas inglesas.

A banda sempre fez aquilo que acreditava e, por isso mesmo, tudo o que fez foi bom. O que torna sua discografia uma obra de arte, sem exceção.

Renato escreveu quase todas as músicas da Legião Urbana, num tom intimista, mas ao mesmo tempo para o mundo ouvir e sentir. Ele se privou de explicações sobre suas letras, deixando sua poesia a cargo da interpretação e do sentimento de cada um.

“Renato Manfredini Júnior assumiu a rebeldia, a raiva, as drogas, o homessexualismo. Empunhou – apaixonadamente – todas as bandeiras da sua geração, mas tremeu na hora de enfrentar a tempestade. Renato Russo nunca disse publicamente que estava com o vírus (HIV)…Em silêncio se recolheu.” (Pedro Bial)

“Eu entreguei ele à Deus… Ele não se suicidou, mas ele simplismente não lutou. Ele quis chegar ao fim…” (D. Carmem Manfredini – mãe de Renato)

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