quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Angela

Arte de repreender



Um chefe que receia fazer os reparos necessários com pretexto de evitar atritos, mostra-se incapaz porque cria à sua volta uma atmosfera propícia à organização da desordem e do "deixa-correr" em todas as suas formas, e o resultado inesperado é que o chefe pusilânime que julga, por ser espírito de tolerância, atrair a si as simpatias dos seus subordinados, acabará, cedo ou tarde, por ser objecto do seu profundo desprezo.



Quando se torna necessária uma observação, deve fazer-se sem demora; um homem que é censurado muito tempo após o acontecimento incriminado terá tendência para pensar que, primeiramente, os seus actos foram aprovados, mas que uma influência externa ou uma má vontade a seu respeito modificaram então a opinião do chefe. (Courau)



Fazer notar um defeito com muita dureza revela falta de psicologia e é muitas vezes injustiça. O culpado nunca é tão responsável como parece ao seu juiz, e uma censura muito viva, ferindo o amor próprio, pode levar ao desânimo ou pelo contrário à revolta do inferior sem nenhum benefício para ninguém.



Uma repreensão desproporcionada à falta cometida leva a um resultado diametralmente oposto àquele que se espera. O subordinado indigna-se contra o exagero que julga imerecido, perde a confiança na justiça de seu chefe e tira daí motivo para esquecer completamente a sua parte de culpabilidade.



Regra geral, as faltas, com as quais o chefe mais se indigna, são aquelas em que ele próprio tem a parte maior da responsabilidade ou porque se explicou mal ou porque não soube seguir de perto a execução.



Quando houver de fazer-se uma censura, há que ter presente que se corre menos risco de ser injusto alegando circunstâncias atenuantes do que julgando com severidade unicamente segundo os factos verificados. A malícia propriamente dita é rara, bem como a má vontade. A negligência e a falta de atenção, sendo repreensíveis, podem no entanto, explicar-se por causa que o chefe tem o direito de investigar como tem o dever de remediar.



É preciso precaver-se de generalizar prematuramente uma falta cometida, atribuindo-a a um defeito congénito e irremediável, porque, mesmo que isso fosse verdade, constituiria meio infalível de aniquilar de antemão qualquer possibilidade de recuperação.



Nunca deve infligir-se uma repreensão séria sob o império da cólera ou de grande nervosismo; correr-se-ia o risco de, exagerando a repreensão, diminuir-lhe a importância, e o chefe desacreditar- se-ia aos olhos de seus colaboradores por falta de comedimento.



Quando se repreende, é preciso ter sempre em mente o fim que se pretende atingir, isto é, a educação, .a formação do súbdito; é necessário portanto pensar nas reacções que tal facto possa provocar nele e não deixar livre curso a um momento de mau humor.



Se estais em ocasião de dirigir a um colaborador, dominado pelo nervosismo, algumas palavras desagradáveis; ou se estais pronto a reprimir a sua iniciativa por uma ordem intempestiva; ou se alimentais alguma veleidade de caçar desastradamente as suas atribuições, colocai-vos, no lugar do vosso colaborador, observai sinceramente como seria a vossa reacção, se as SITUAÇÕES se invertessem, e evitareis sem dúvida um deslize.



O chefe deve ter o cuidado de não lembrar, a propósito duma falta, os erros antigos. Não existe coisa que mais possa desanimar um homem do que o pensamento de estar "classificado" , de modo desfavorável e definitivo, por aquele de quem depende.



Não vos fiéis na ironia. Pode, em matéria de pouca importância, sublinhar com elegância certa observação; mas se se trata duma questão mais grave, a ironia toma o carácter de injustiça.



Tende o sentido das proporções;não façais admoestação severa por uma falta de pouca importância.



Não se intervenha a cada momento: as intervenções muito frequentes ou a propósito de nada acabam por gastar a autoridade.



Não se confunda firmeza com brutalidade. Por mais severa que seja a repreensão, pode sempre exprimir-se em termos delicados. "Fortiter in ré, suaviter in modo". Evite-se acima de tudo fazer observações em termos injuriosos; o colaborador esqueceria o fim concreto das observações para se recordar apenas da injúria.



Dizer rapidamente, e com vigor, o que se tem no coração é sabedoria política. Repreensão dura, mas breve, faz menos mal do que descontentamento hostil e reservado.



Os súbditos devem saber que, não executando as ordens, serão sacrificados, mas também que, se a execução duma ordem os leva ao desastre, estarão cobertos. O verdadeiro chefe aceita sempre a responsabilidade total dos seus actos.



Antes de disparatar com o chefe de serviço responsável, examinai as disposições tomadas por ele, e perguntai a vós próprios, em plena consciência, se, com os elementos de informação de que ele podia dispor, vós não teríeis cometido os mesmos erros. Neste caso, explicai-lhe os factos de maneira objectiva, analisai com ele as causas e as consequências do seu erro; mas abstende-vos de qualquer censura e pelo contrário ajudai o vosso colaborador a corrigir as suas directrizes; , se se encontra impressionado pelo seu revés, dar-lhes-eis precioso auxílio moral e ganhareis certamente a sua estima, confessando- lhe francamente que, em seu lugar, provavelmente não teríeis procedido doutra maneira. (Coureau)



Se, no entanto, houve erro flagrante e se o vosso colaborador se deixou surpreender por determinado acontecimento que deveria prever, ele será disso, regra geral, suficientemente consciente para que seja útil incomodar-vos; notai apenas que a falta não passou despercebida e confiai na boa fé e no bom senso do culpado para reparar o seu erro e repará-lo. Insistindo desabridamente, incitá-lo-íeis a procurar argumentos especiosos para sua defesa; acabaria por se prender aos seus próprios argumentos, e, sob o domínio duma revolta surda contra a vossa falta de tacto, persuadir-se- ia finalmente de que a sua falta é completamente desculpável. (Coureau)



Mas se recai em erro já cometido, em que se transgrediram conscientemente as vossas ordens precisas, que nenhuma espécie de consideração vos impeça de lhe infligir a reprimenda que merece; por muito amargo que seja o medicamento, é necessário ministrá-lo sem hesitação. Ponde nisso, todavia, certa medida, dado que os medicamentos mais eficazes são nocivos quando tomados em grande dose. (Coureau)



O chefe que não admite a falta em seus súbditos nunca conseguirá nada, pelo contrário deve sentir-se iresponsável pela sua formação. Um industrial gostava de dizer que cada vez que tinha de dar uma repreensão a qualquer dos seus subordinados ficava com a impressão de que era ele próprio o faltoso, porque de duas uma: ou tinha exigido demasiado, ou não tinha preparado, dirigido ou vigiado suficientemente o seu subordinado.



Ao censurar, torna-se indispensável estabelecer diferença entre os factos materialmente verificáveis e os factos de interpretação; podeis dizer a um colaborador que ele trabalha insuficientemente (facto de verificação), mas feri-lo-íeis mortalmente, e aliás não vos acreditaria, se lhe dissésseis, que não é inteligente (facto de interpretação. (Coureau)



Infelizmente, a educação, para muitas pessoas, consiste em aproveitar as faltas cometidas para as colocar uma vez e outra debaixo dos olhos do culpado até conseguir que, perante a sua própria consciência, se considere apenas delinquente e perca toda a espécie de impulso generoso para progredir no caminho da perfeição. (Foerster)



Não convém deixar por muito tempo um súbdito sob a impressão dolorosa duma censura ainda que merecida, porque toda a repreensão determina um complexo de inferioridade que busca encontrar compensação numa atitude interior de desconfiança ou de oposição, quando não leva ao desânimo ou ao desprezo.

Fonte: lideranca.aaldeia. net/repreender.htm - 23k



Maneiras de dizer as coisas



Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.

- Que desgraça, senhor! - exclamou o adivinho - Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.

- Mas que insolente - gritou o sultão, enfurecido - Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!

Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem chicotadas. Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.

Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:

- Excelente senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.

A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:

- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem chicotadas e a você com cem moedas de ouro.

- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer.

Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.

Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma como ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas. A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa.

Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta. Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.

A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.

Ademais, será sábio de nossa parte, antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.

E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento. Importante mesmo é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas.

Fonte - Pensamento Positivo.




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