EX-prefeito de Campinas foi assassinado com um tiro em setembro de 2001
Agência Estado | 20/11/2010 14:09Mudar o tamanho da letra:A+A-Compartilhar:
A Polícia Civil de Campinas reabriu as investigações sobre as circunstâncias da morte do prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, assassinado com um tiro em 10 de setembro de 2001. O processo com sete volumes e cerca de 20 mil páginas foi encaminhado nesta sexta-feira (19) pelo juiz da 1ª Vara do Júri, José Henrique Torres, ao delegado Seccional José Carneiro Campos Rolim Neto.
Na próxima semana, Rolim Neto vai indicar um delegado para dar andamento às novas apurações do caso. O processo estava parado desde 2008 e retornou ao Fórum de Campinas em julho deste ano, depois de passar pela junta de três desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que sustentam a insuficiência de indícios da responsabilidade de Anderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, na autoria do crime contra o prefeito.
Conforme denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual (MPE) ao TJ-SP, Andinho seria o autor dos disparos contra o carro de Toninho, na noite em que o prefeito retornava para sua residência seguindo avenida Mackenzie, Vila Brandina, após passar por uma loja de roupas no Shopping Iguatemi. Um dos tiros atingiu o prefeito e o seu carro parou em uma das margens da via.
Após o encaminhamento de várias linhas de investigação, depoimentos e descartar três jovens ocupantes de duas motocicletas como suspeitos, a policia chegou à quadrilha chefiada por Wanderson Lima, o Andinho. Ele está preso na Penitenciária de Presidente Bernandes, interior de São Paulo, sentenciado a cumprir penas que somadas ultrapassam os 400 anos em regime fechado, sendo a maior parte delas com a acusação de práticas de sequestro, extorsão, formação de quadrilha, latrocínio entre outros. Em juízo, o réu nunca confessou participação na morte do prefeito. A pistola 9 milímetros de onde partiu o disparo que matou Toninho jamais foi localizada pela policia.
Segundo o processo que agora está na Delegacia Seccional, Andinho estava em um carro modelo Celta de cor prata em companhia de três homens em alta velocidade quando o Fiat Palio conduzido pelo prefeito Toninho, em baixa velocidade, "atrapalhou" a fuga do grupo do sequestrador. Na versão da Policia, o grupo disparou contra o carro de Toninho para que desobstruir a via. Após a prisão de Andinho, os outros três integrantes da quadrilha que eram procurados pela Justiça foram mortos em tiroteio com policiais de Campinas em uma casa em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo.
A reabertura do caso para apurar a morte do Toninho do PT reacende a dor da família, que sempre desconfiou na motivação política e não em um crime comum. Segundo a viúva Roseana Garcia, "Antonio contrariou muitos interesses", quando esteve a frente da Prefeitura de Campinas. Conforme aliados mais próximos a ele, Toninho estava juntando documentos e preparando um dossiê que denunciaria desvios de conduta em sua administração.
Sob esse ponto de vista, Roseana e outros membros da família do prefeito chegaram a sugerir a entrada da Policia Federal nas investigações. Os pedidos foram feitos pessoalmente ao então ministro da justiça Thomaz Bastos e, no final do ano passado, seu sucessor na pasta Tarso Genro, hoje eleito governador pelo Rio Grande do Sul nas ultimas eleições. Ainda, com a mesma intenção de ver a Policia Federal frente as investigações das causas da morte de seu marido, Roseana aguarda uma resposta do mesmo pedido protocolado em setembro do ano passado na Procuradoria Geral da República, em Brasília.
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