Edição de sábado, 18 de dezembro de 2010 Em despedida, presidente passa cargo de líder do bloco a paraguaio e ganha elogios
Brasília - O presidente chileno, Sebastián Piñera, se empolgou e gritou: ´Fica Lula! Fica!`. O governante paraguaio, Fernando Lugo, o chamou de ´grande estadista`. O boliviano Evo Morales propôs sua candidatura ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas. Em seu último evento internacional como presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva foi considerado o ´senhor Mercosul`. Os chefes de Estado latino-americanos presentes na 40ª reunião do grupo não pouparam elogios ao colega brasileiro durante sua despedida. Lula, por sua vez, garantiu que a sucessora, Dilma Rousseff, vai continuar o trabalho de integração e fortalecerá cada vez mais o bloco econômico, perto de completar 20 anos.
Durante o encontro em Foz do Iguaçu, o presidente brasileiro exaltou a boa sintonia entre Argentina, Paraguai e Uruguai. Lula passou o cargo da Presidência pro tempore para o líder paraguaio, Fernando Lugo, e afirmou que deixava o posto demonstrando satisfação. ´Em duas décadas, conseguimos fazer do Mercosul um projeto histórico de integração política e social. Juntos, formamos um dos maiores espaços democráticos do mundo. O destino fez desta reunião meu último compromisso internacional. Saio dele com a certeza de que valeu a pena o trabalho que juntos realizamos`.
Na quinta-feira, diversas medidas haviam sido aprovadas na reunião, entre elas a criação do cargo de alto representante do bloco, a padronização das placas de veículos de todos os países membros até 2018 e a adoção de uma carteira de identidade única. ´Espero que o povo do Mercosul se orgulhe de fazer parte do grupo. Eu, por exemplo, na hora que sair o primeiro coche ('carro', em espanhol) com a placa do Mercosul, esteja certo, Pêpe, que eu irei a Montevidéu`, brincou Lula com o presidente uruguaio José Mujica.
Em relação às desavenças comerciais com a Argentina, Lula afirmou que dentro de um bloco econômico a disputa de interesses é normal. ´O Mercosul não é um convento, um encontro de freiras. É um encontro de chefes de Estado, de países soberanos, que sempre vão ter divergências, um país com interesse diferente do outro. O que precisamos é ter a compreensão e a maturidade. Tentamos fazer concessões daqui e dali. Mas é isso, a divergência faz parte do processo democrático`.
Lula pediu aos outros mandatários para que ´trabalhem de forma incansável`, com o objetivo de tentar trazer países como Chile, Equador, Bolívia, Colômbia e Peru para o bloco. Também pediu que o Congresso paraguaio aprove o ingresso da Venezuela no Mercosul, a única nação que ainda não tomou a decisão.
O novo cargo de alto representante do Mercosul, que precisa ser aprovado pelos Congressos dos quatro países, ganhou candidatos, entre eles o atual ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Lula negou que o nome do chanceler seria indicado. Ainda não foi definida como será feita a escolha. (Tatiana Sabadini)
As Nações Unidas precisam de um técnico competente, não de um político forte
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente brasileiro
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