publicada terça-feira, 22/03/2011 às 13:36 e atualizada terça-feira, 22/03/2011 às 13:25
Do Vermelho
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi irônico na noite desta segunda-feira (21) com membros da oposição, sobretudo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que o criticaram por não ter ido ao almoço com o presidente Barack Obama em Brasilia. Segundo Lula, foi “hilariante” saber que os opositores dizem agora que sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, é diferente dele — e que os que passaram oito anos criticando seu governo agora passem a falar bem.
“Provavelmente, agora que o presidente Obama fez rasgados elogios ao Brasil, à sua ascensão e importância no mundo, alguns que passaram dez anos criticando comecem agora a falar bem porque deu no New York Times. É extraordinário e hilariante”, debochou Lula, num jantar para 800 convidados em sua homenagem. O evento foi oferecido pela comunidade árabe, no Clube Monte Líbano, em São Paulo, com a coordenação da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil, que deu a Lula uma placa de agradecimento da comunidade.
De acordo com o ex-presidente, “alguns adversários sabem como pegamos e como deixamos o país”, mas “tentaram vender que nós éramos a continuidade. Agora que elegemos alguém para fazer a continuidade, dizem que agora ela é diferente. É o mínimo hilariante”.
Lula não participou do almoço com Obama oferecido por Dilma a ex-presidentes — o que motivou provocações de Fernando Henrique Cardoso. No domingo, FHC elogiou Dilma pela “civilidade” do convite e criticou Lula por não tê-lo convidado a ir ao Palácio do Planalto em oito anos de seu governo. Já a resposta de Lula foi dada no jantar com a comunidade árabe.
Ao responder ao discurso do professor Mohamed Abdib, do Insituto Cultural Árabe, da Unicamp, que disse que Lula deixava saudades, o ex-presidente pregou a alternância no poder. “A rotatividade e alternância do poder é uma coisa sagrada e vocês não sabem o orgulho que tenho por ter entregue a presidência da República a uma mulher que foi perseguida e torturada”, disse Lula. “Conheço bem a presidente Dilma. Tenho certeza de que ela vai continuar e fazer mais coisas.”
Durante o jantar, os organizadores do evento apresentaram vídeos mostrando Lula chorando na posse no TSE em 2002 e trechos de sua viagem ao mundo árabe em 2003. Lula foi muito aplaudido ao defender os árabes. “Todo mundo dizia que o terror tinha a cara de árabe, que o terror tinha a cara de um latino-americano ou de qualquer outro país, mas nunca das potências. Na verdade, o povo palestino era mais vitima do que terrorista”, disse.
Lula também defendeu a posição brasileira de ter-se abstido no ataque à Libia. “Sou solidário à posição do Brasil que se absteve na votação da invasão à Libia. Isso só acontece porque a ONU está enfraquecida, representada por forças do século 20 — e não do século 21”, afirmou Lula, que defendeu que o secretário-geral da ONU vá à Líbia “conversar”.
Além da comunidade árabe, alguns ministros de Dilma estavam presentes, como Orlando Silva (Esportes) e Fernando Haddad (Educação). Também o governador petista do Distrito Federal, Agnello Queiroz, estava na festa.
O prefeito Gilberto Kassab passou na festa, falou com Lula, mas não ficou para o jantar. Pouco antes da homenagem Lula recebeu Kassab, numa sala reservada na antesala do salão principal do cluber. Kassab acabou de deixar o DEM para criar o Partido Social Democrata (PSD), que pretende aderir à base aliada de Dilma.
Da Redação, com agências
Nenhum comentário:
Postar um comentário